Novas regras para combater os plásticos de utilização única

29 de Junho 2021

Poluem os mares e os aterros, ameaçam a vida marinha e prejudicam a nossa saúde. Os plásticos de utilização única têm os dias contados, e as proibições já começaram.

Julho marca o limite de venda e utilização de alguns plásticos de uso único em todos os países da União Europeia. O objetivo é reduzir o lixo, impulsionar uma economia circular e promover um futuro mais sustentável para todos.

Para já, no nosso país, arranca a limitação do seu uso na restauração, prevendo-se para breve a transposição da diretiva comunitária que alarga o âmbito da interdição.

Nessa altura, deixarão de poder ser comercializados objetos de plástico descartável como talheres, pratos, palhinhas, agitadores de bebidas, cotonetes e varas para prender balões, bem como recipientes para bebidas e alimentos em polistireno (incluindo as respetivas tampas), e qualquer produto feito de plástico oxodegradável (que se degrada através da oxidação), este último muito utilizado em sacos para compras.

As metas de redução são faseadas, alargando-se a cada vez mais produtos, com o objetivo de que, até final de 2026, haja uma redução de 30% na utilização de plásticos descartáveis, em relação a 2022, e que, em 2030, esta redução atinja os 50%.

Com estas medidas, a União Europeia espera reduzir o lixo provocado pelos 10 principais objetos de plástico de utilização única em mais de 50%; evitar emissões de CO2 equivalentes a 3,4 milhões de toneladas por ano; evitar danos ambientais equivalentes a 22 mil milhões de euros até 2030; e proporcionar uma poupança de 6,5 mil milhões de euros por ano aos consumidores, através da redução das despesas em produtos descartáveis.

Além das proibições referidas, as novas regras preveem que se aplique uma rotulagem clara a alguns outros produtos de utilização única que contêm plástico, indicando o teor desse material, a eliminação correta e os riscos ambientais. Incluem-se nesta lista os toalhetes húmidos, pensos e tampões higiénicos, produtos de tabaco com filtros e copos para bebidas.

Opções mais ecológicas

A solução passa pelo uso de produtos reutilizáveis, ou, nos casos em que isso não é possível, por alternativas que recorram a materiais biodegradáveis, de origem natural e renovável. A floresta e os materiais a que nos dá acesso, como a madeira, a pasta e o papel, ganham especial relevância neste futuro que se quer mais sustentável.

Em setembro do ano passado, um relatório da Pew Charitable Trusts publicado na revista Science, intitulado “Evaluating scenarios toward zero plastic pollution” (“Avaliando cenários para uma poluição zero por plástico”, numa tradução livre), apontava a substituição do plástico pelo papel como uma das medidas com maior potencial de sucesso a longo prazo. Porque o papel tem origem numa matéria-prima natural e renovável, tem uma taxa de reciclagem europeia na ordem dos 72% – que tem vindo a aumentar – e já tem montado, juntamente com o cartão, um sistema de reciclagem altamente eficaz. O estudo refere também como vantagem o facto de a indústria do papel ser também uma das mais sustentáveis do mundo.

A investigação científica tem conduzido a um crescente reconhecimento da validade e eficácia de matérias-primas de origem florestal enquanto alternativa a materiais intensivos em carbono, como o plástico e outros derivados do petróleo. De tal forma que a celulose, um componente estrutural da parede celular das plantas, já foi apelidada de supermaterial do futuro.