“Para saborear a história, não há nada melhor que o livro físico”, diz a booktoker Maria Rita Matos, uma das muitas influenciadoras que usa os meios digitais para promover a leitura.
As novas gerações estão a ler cada vez mais e preferem fazê-lo em papel. Paradoxalmente, os meios digitais, através de fenómenos que passam pelas redes sociais, têm sido uma alavanca para esta tendência. Depois dos booktubers e dos bookstagrammers, são agora os booktokers, criadores de conteúdos na plataforma TikTok, que revelam os seus trunfos e ditam as escolhas. Reunidos na comunidade Booktok, é aqui que os amantes da leitura descobrem novos livros, tendências e autores, ficam a par de lançamentos e notícias literárias, e debatem temas emergentes ou fraturantes.
A influência destes jovens – de motivações e conteúdos muito diversificados – é tal que são capazes de fazer disparar vendas (há editoras que os contratam para a promoção das suas obras) e muitos professores e educadores procuram os livros de que estes influenciadores falam, chegando a integrá-los na lista de obras “recomendadas”. O presidente da APEL (Associação Portuguesa de Editores e Livreiros) e a comissária do PNL (Plano Nacional de Leitura) também já admitiram que esta “sugestão entre pares” nas redes sociais tem sido responsável pelo interesse crescente dos jovens pelos livros.
No papel “sente-se muito mais a história”
Maria Rita Matos tornou-se booktoker em fevereiro de 2021. “Acompanhava vários criadores de conteúdos literários estrangeiros no TikTok desde o início da pandemia, mas nunca tinha visto nenhum português e pensei – porque não?”, conta. Tudo começou com um vídeo de um adolescente brasileiro sobre os livros de aventuras da saga Percy Jackson. Curiosa, comprou um exemplar… e nunca mais parou de ler. Criou uma conta dedicada aos livros, onde partilhava os sentimentos que cada leitura lhe despertava. Hoje, tem 19 mil seguidores e “em meses bons” chega a publicar 20 vídeos.
Quanto às sugestões que dá, afirma: “Leio o que estiver a fazer sentido para mim naquela altura, não há grande critério. Posso dizer que gosto mais de fantasia e romances, mas se me apetecer ler um mistério, irei ler. Só terror é que não!”.
Já a preferência pela leitura em papel é algo mais pensado: “para saborear a história, não há nada melhor que o livro físico”.
Apesar da inexistência de números, Maria Rita Matos tem consciência do peso das suas escolhas. “Acredito, e percebo pelos comentários e outros feedbacks, que ajudei alguns livros a ficarem populares no TikTok em Portugal e a venderem mais, como Percy Jackson, Beartown e Fala com o Ex!”. Tal como acredita que esta “recente tendência de ler irá trazer muitos leitores `fixos´”.
