Plásticos micro, perigo macro

9 de Novembro 2022

A poluição por plásticos tem consequências negativas para o meio ambiente e o mar é o ecossistema mais afetado. As previsões apontam para que, em 2050, os oceanos tenham mais plástico do que peixes. O que podemos fazer contra esta ameaça?

Os microplásticos são pequenos fragmentos de material plástico, com menos de 5 mm. Têm várias origens e são de vários tipos, incluindo polietileno (por exemplo, sacos, garrafas), poliestireno (recipientes para alimentos), nylon ou PVC. Estes itens de plástico vão sendo degradados pelo calor, luz UV, oxidação, ação mecânica e biodegradação por organismos vivos, como bactérias, processos que produzem partículas cada vez menores, entrando na categoria de microplásticos.

O ambiente de praia, com luz solar abundante e temperaturas muito altas ao nível do solo, é onde os processos de degradação acontecem mais rapidamente(1). Na superfície de areia quente, o lixo plástico “murcha”, torna-se quebradiço, depois racha e desfaz-se. As marés altas e o vento pegam nas minúsculas partículas de plástico e adicionam-nas às grandes manchas de lixo encontradas nos oceanos.

Existem duas categorias de microplásticos. Os primários, que são diretamente produzidos já neste tamanho e incluem itens como purpurinas, abrasivos utilizados nas limpezas domésticas ou microesferas usadas em produtos cosméticos e de higiene pessoal, como esfoliantes e pastas de dentes. E os secundários, que são fragmentos que resultam da degradação de detritos de plástico de maiores dimensões; alguns recipientes de plástico, mesmo inteiros e em bom estado, também podem libertar partículas de microplástico ao longo do tempo ou quando aquecidos.

Efeitos no ambiente

A vida marinha é a mais afetada pela poluição por plásticos – é o fator responsável pela morte de mais de 1 milhão de aves marinhas e 100 mil mamíferos marinhos por ano. Atualmente, a quantidade de plástico que chega a estes ecossistemas é de 11 milhões de toneladas por ano, e, se o consumo deste material de origem fóssil não diminuir, o relatório From Pollution to Solution(2), do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, refere que  a cada ano das próximas duas décadas serão escoadas para o oceano entre 23 e 37 milhões de toneladas de plástico.

Muitos poluentes orgânicos persistentes, como, por exemplo, pesticidas e dioxinas, flutuam nos oceanos em baixas concentrações, mas a sua natureza hidrofóbica aglomera-os na superfície das partículas de plástico. Os animais marinhos alimentam-se acidentalmente dos microplásticos e, ao mesmo tempo, ingerem estes poluentes(3). Assim, os produtos químicos acumulam-se nos tecidos animais e aumentam em concentração à medida que os poluentes são transferidos ao longo da cadeia alimentar.

Os materiais plásticos ingeridos são prejudiciais para os organismos marinhos para além das cargas químicas que lhes estão associadas, uma vez que podem causar bloqueio digestivo ou danos internos por abrasão(4).

Os microplásticos, dada a sua abundância, fornecem inúmeras superfícies para que pequenos organismos se fixem, sendo que este aumento das oportunidades de colonização tem consequências imprevisíveis ao nível das populações desses organismos. E como são muito leves, funcionam como “jangadas”, permitindo que os organismos viajem muito mais longe do que normalmente aconteceria, tornando-os vetores para a disseminação de espécies marinhas invasoras(5).

Estes efeitos negativos no ambiente refletem-se na saúde humana. Os microplásticos são ingeridos com alimentos e bebidas e são também inalados com o ar que respiramos. Sabe-se, por exemplo, que uma pessoa consome, em média, 1.769 partículas de microplástico por semana, só através da água que bebe. As consequências para o organismo continuam a ser estudadas.

Agir contra a poluição por plástico

As previsões apontam para que, em 2050, os oceanos tenham mais plástico do que peixes. De difícil biodegradação, o plástico vai-se deteriorando e partindo em pedaços mais pequenos, como os microplásticos e os nanoplásticos, que entram na nossa cadeia alimentar e impactam a nossa saúde e a do planeta.

Reduzir o consumo de plástico de uso único é a principal ação que todos podemos tomar no sentido de travar a poluição por plástico.

Papel, a alternativa que vem da floresta

A substituição do plástico de origem fóssil por soluções de embalagem que têm por base uma matéria-prima natural, proveniente de florestas plantadas e geridas de forma sustentável, é o conceito-chave da agenda “From Fossil to Forest”, liderada pela The Navigator Company, mentora do projeto My Planet. A primeira expressão desta estratégia foi o lançamento de um conjunto de produtos dirigido ao segmento do packaging, através da marca gKraft. Esta gama tem como elemento diferenciador a utilização da matéria-prima Eucalyptus globulus, abrindo caminho a um novo paradigma de embalagem e estabelecendo uma alternativa sustentável num mercado dominado pelos plásticos de uso único.