Restaurar os ecossistemas é proteger a vida selvagem

2 de Março 2022

Em 2022, o tema do Dia Internacional da Vida Selvagem é dedicado a “Recuperar espécies-chave para a restauração dos ecossistemas”. Proteger as florestas faz parte essencial deste esforço de conservação da natureza.

Podemos começar pelo número menor: mais de 8.400 espécies de fauna e flora selvagem estão criticamente em perigo de extinção. A seguir, é preciso acrescentar que perto de 30 mil outras estão em perigo ou vulneráveis a desaparecer. Depois, com base nestas estimativas da IUCN – União Internacional para a Conservação da Natureza, as Nações Unidas dizem-nos que há cerca de um milhão de espécies em risco.

Esta perda continuada de animais, plantas, habitats e ecossistemas é uma ameaça a toda a vida na Terra, incluindo a humana, já que todos dependemos da vida selvagem e dos recursos baseados na diversidade biológica para as nossas necessidades quotidianas, desde a alimentação ao combustível, passando pelos medicamentos, pela habitação e pelo vestuário. Além disso, milhões de pessoas dependem da natureza como fonte de sobrevivência e oportunidade económica.

De acordo com um estudo publicado em 2021 na revista Global Environmental Change, 1,2 mil milhões de pessoas são “altamente dependentes da natureza”, o que significa que usam os recursos naturais para suprir, pelo menos, três de quatro necessidades humanas básicas: água para beber, materiais de construção, energia para cozinhar ou meio de subsistência.

Reverter o cenário

Este ano, no Dia Mundial da Vida Selvagem, celebrado a 3 de março, o tema “Recuperar espécies-chave para o restauro dos ecossistemas” alimenta a reflexão sobre a necessidade de reverter o destino destes animais e plantas em perigo. “As espécies ameaçadas fazem parte de um cenário mais alargado”, lê-se num dos vídeos de promoção da data, divulgado pela página World Wildlife Day e centrado no caso do lince-ibérico – que serve também de inspiração a um dos cartazes oficiais da iniciativa.

É nas florestas que mais de 80 por cento da biodiversidade terrestre encontra refúgio, estando mais de 12 por cento da floresta mundial classificada como área de conservação, segundo o WWF – World Wide Fund for Nature. Não há, pois, dúvida de que as áreas florestais assumem particular importância no esforço de restauro e conservação, ao mesmo tempo que a biodiversidade desempenha um papel vital no apoio aos diversos ecossistemas florestais.

As árvores dependem de algumas espécies animais para polinização e dispersão de sementes. Outras espécies protegem as florestas comendo herbívoros e insetos que podem danificar as árvores e as plantas. Há pequenos herbívoros que comem ramos e arbustos, desbastando o sub-bosque e o potencial combustível de incêndios. Além disso, os animais comem, ou são comidos, num ciclo que mantém o equilíbrio das funções do ecossistema. A biodiversidade é, portanto, uma realidade, quer nas florestas naturais, quer nas florestas de produção com uma gestão sustentável e uma política de responsável de restauro e conservação.

Sabia, por exemplo, que entre as 245 espécies de fauna e as mais de 800 espécies e subespécies de flora identificadas e protegidas nas áreas geridas pela The Navigator Company, empresa mentora do projeto My Planet, se incluem quatro espécies “Criticamente em Perigo” (CR), treze “Em Perigo” (EN) e 36 com estatuto “Vulnerável” (VU)?

Entre as mais ameaçadas da Europa, e uma das mais raras do mundo, está a águia-imperial-ibérica (Aquila adalberti, CR), que gosta de nidificar em zonas florestais. São também avistados lobos-ibéricos (Canis lupus signatus, EN) e ratos de Cabrera (Microtus cabrerae, VU), o único roedor endémico da Península Ibérica. Em eucaliptos de grande porte são monitorizados ninhos de águia-de-bonelli (Aquila fasciata, EN). E nos cursos de água que atravessam as propriedades da empresa estão catalogadas espécies como o Barbo-comum (Barbus comizo, EN) e o cágado-de-carapaça-estriada (Emys orbicularis, EN).