Riqueza e emprego: o impacto da floresta

2 de Maio 2024

As florestas plantadas estão na base de uma cadeia de valor que gera riqueza e emprego em todo o país. Além disso, dão origem a exportações de elevada incorporação nacional.

A atividade das fileiras do pinho, sobro e eucalipto tem um impacto muito significativo nas contas da economia nacional. Os dados mais recentes do Instituto Nacional de Estatística (INE) sobre o contributo das indústrias transformadoras do setor florestal são esclarecedores: o volume de negócios de 13,5 mil milhões de euros, registado em 2022, representou 5,6% do Produto Interno Bruto.

Para um retrato ainda mais completo do peso económico do setor florestal, há que somar o volume de negócios relativo à atividade silvícola e exploração florestal, que, no mesmo ano, superou os 1.100 milhões de euros, o equivalente a 0,48% do PIB.

Contas feitas, o setor representa, no seu conjunto, 6,07% do PIB e um volume de negócios agregado superior a 14,7 mil milhões de euros.

Esta é uma atividade que não só gera vendas, como se distingue pelo Valor Acrescentado Bruto (VAB), ou seja, o valor da atividade produtiva nacional, menos os custos de produção. Em 2022, e de acordo com a mesma fonte, as empresas que atuam na área florestal foram responsáveis por mais de 3,6 mil milhões de euros de Valor Acrescentado Bruto, 1,6% de todo o VAB nacional. Como seria de esperar, as indústrias representaram a maior fatia deste indicador, com um VAB de mais de 3,3 mil milhões de euros.

Setor florestal assegura 9% do total das exportações nacionais

Em 2022, segundo o INE, as exportações do setor totalizaram mais de 7 mil milhões de euros, o que corresponde a 9% do total nacional. Verificou-se, pelo segundo ano consecutivo, um aumento do valor das vendas de produtos florestais ao exterior (que inclui materiais de origem florestal e produtos industriais deles derivados), com uma subida de 25,8%, relativamente a 2021.

Os dados do INE apontam, mesmo, para um recorde: em 2022, o excedente da balança comercial foi de 3,3 mil milhões de euros, um aumento de 20,5% face a 2021.

O grande contributo no montante das vendas ao exterior é dado pelas indústrias transformadoras do setor, que foram responsáveis por mais de 6,9 mil milhões de euros, correspondendo a 98% do total. Os restantes 2%, mais de 156,6 milhões de euros, vieram das vendas de materiais de origem florestal (madeira, cortiça e outros).

O setor da Pasta e Papel assume preponderância, com perto de 4 mil milhões de euros, representando mais de 56% do total das exportações de origem florestal e cerca de 5% das exportações nacionais.

O saldo da balança comercial dos produtos pasta e papel/cartão, em valor, tem sido excedentário ao longo das últimas décadas, (1,47 mil M€ em 2022), com a taxa de cobertura das exportações e importações a rondar os 220%, refere a Biond – Associação das Bioindústrias de Base Florestal. Os dados do INE, por seu lado, mostram que este setor é o segundo com maiores excedentes comerciais, atrás dos “minerais e minérios”.

Emprego que combate assimetrias regionais

O forte pendor regional na criação de emprego é uma das marcas fundamentais da fileira florestal, e em todos os seus setores de atividade – primário, secundário e terciário.

Em 2021, de acordo com dados do INE, havia mais de 100 mil pessoas ao serviço e mais de 19,5 mil empresas, num cenário que aglutina desde a silvicultura até ao comércio de base florestal, passando pela indústria. Colocados em perspetiva no universo nacional, estes valores dizem-nos que o emprego criado pelo setor representa 2,31% do total no nosso país.

Na área industrial, os dados da Direção-Geral das Atividades Económicas relativos a 2021 confirmam a maior, e expectável, concentração de emprego: as indústrias da fileira florestal tinham ao serviço 77.918 pessoas, o que representava perto de 8% do total da indústria transformadora e cerca de 1,84% do total do pessoal das empresas nacionais nesse ano.

Constituído na sua esmagadora maioria por empresas de reduzida dimensão – mesmo no setor industrial, onde cerca de 86% têm menos de 10 pessoas ao serviço –, o tecido económico da fileira florestal apresenta igualmente uma dispersão geográfica assinalável, com 80% das empresas repartidas por vários distritos das regiões norte e centro.

Estes dados vão, de resto, ao encontro de uma das tendências mais marcantes da economia da floresta em todo o mundo: este é um dos poucos setores em que as comunidades vivem nos principais locais de produção. Segundo o WWF (World Wide Fund for Nature), cerca de 300 milhões de pessoas em todo o planeta vivem nas florestas e mais de mil milhões dependem das florestas para a sua subsistência.

O forte pendor regional na criação de emprego é uma das marcas da fileira florestal. Em 2021, segundo o INE, eram mais de 100 mil as pessoas ao serviço em mais de 19,5 mil empresas, num cenário que aglutina desde a silvicultura até à indústria e ao comércio de base florestal.