“O capital natural deve ombrear com a importância do capital humano e do financeiro”

24 de Junho 2021

À medida que vamos sentido falta dos serviços que a natureza nos presta, apercebemo-nos da dimensão e importância do capital natural. Humberto Delgado Rosa, diretor do Capital Natural na Direção-Geral do Ambiente da Comissão Europeia, falou connosco sobre este assunto.

3 perguntas a Humberto Delgado Rosa

A incorporação da natureza nas estratégias e modelos de negócio ainda continua a ser apenas uma boa intenção?
Felizmente já é mais do que isso. Não é generalizada, mas não deixa de me impressionar positivamente o número de empresas, algumas grandes, que têm uma estratégia de contabilidade de capital natural. Ou seja, tentam apreender quais são os riscos e dependências da sua atividade em relação ao capital natural e tentam valorizá-las economicamente, para as ter em conta nas estratégias de gestão empresarial.

 

Como se pode cativar as empresas para integrarem a biodiversidade, o capital natural e os serviços dos ecossistemas?
O método mais eficaz é pela autoperceção de que os seus negócios carecem desta abordagem. É muito alimentado por uma crescente atenção da opinião pública a questões ambientais e climáticas. Temos visto uma série de acontecimentos, como os fogos florestais e o seu impacte na fauna, na flora e na vida de todos. Mas, também, os plásticos nos oceanos, com impacte na vida marinha, desde aves a tartarugas e baleias. Ou, outro exemplo, o declínio de insetos, inclusive polinizadores, em muitas partes do mundo. Isto faz soar campainhas de alarme na perceção pública, que exige mais ação política. Quando a opinião pública se sente, as empresas percebem que as pessoas querem algo diferente e movem-se nesse sentido. E há as que compreendem que a sua atividade é estritamente dependente de produtos e serviços que vêm do mundo natural. É aí que entram estas metodologias de contabilidade do capital natural.

Está a dizer que, podendo ser mais longo, é mais seguro o caminho da conversão dos consumidores para os imperativos da sustentabilidade?
Temos de ir pelos dois caminhos. Não basta esperar, calmamente, que os consumidores acordem. Mas, é um facto, parte deles está a acordar. Ao mesmo tempo, nas empresas, precisamos dos pioneiros, que compreendem, antecipadamente, que é do interesse empresarial e dos negócios ter em conta esta abordagem de sustentabilidade. Vamos nos dois caminhos, até ao ponto em que havemos de inverter a tendência de degradação do capital natural que temos atualmente.

Leia a entrevista na íntegra no número 7 da nossa revista, aqui.

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