Reciclável, biodegradável ou compostável?

9 de Março 2021

“Reciclável”, “biodegradável”, “compostável”. O espírito é o mesmo, mas o significado de cada uma destas palavras é diferente. Sabe distingui-las?

Um material reciclável nem sempre é biodegradável. Por outro lado, nem tudo o que é biodegradável pode ser compostável, mas tudo o que é compostável é biodegradável. E agora que já conseguimos baralhar o tema, vamos por partes. É mais fácil do que parece. E, acima de tudo, é muito mais importante do que se julga.

Os três conceitos fazem parte da mesma realidade: a necessidade de adotar estilos de vida mais responsáveis, incluindo as escolhas que fazemos no dia-a-dia.

Com a pressão sobre os recursos naturais e a necessidade de ação para mitigar as alterações climáticas, cresce a consciência de que o caminho está nas grandes políticas, mas também nos gestos individuais de cada um de nós, enquanto consumidores e utilizadores.

Nesta parte, tudo está na nossa mão, seja quando decidimos usar um saco de papel, reciclável e biodegradável, em vez de um saco de plástico; seja quando escolhemos reutilizar e separar para reciclagem. Ou ainda, quando recolhemos o lixo orgânico para compostagem.

Reciclável
A reciclagem consiste na conversão de desperdício em material renovado. Trata-se de dar nova utilização através de processo industrial, geralmente em produto idêntico ao anterior, mas nem sempre com as mesmas características.

O papel é um dos exemplos mais conhecidos e massificados de reciclagem: o papel e cartão apresentam uma taxa de reciclagem de 74% na Europa, que se prolonga por vários ciclos, podendo ser valorizado energeticamente no fim do seu ciclo de vida.

A reciclagem de papel é uma noção bem enraizada na sociedade, mas quando se trata de plástico, a questão fica mais complicada: existem sete tipos diferentes de embalagens de plástico, algumas passíveis de reciclagem, outras nas quais isso não é possível.

A reciclagem está intimamente ligada aos princípios da denominada “economia circular”, permitindo aliviar a pressão sobre os recursos e multiplicando eficiências energéticas, já que a produção de produtos reciclados é geralmente menos exigente neste domínio.

Biodegradável
Diz-se que um produto é biodegradável quando pode ser decomposto naturalmente por micro-organismos, tais como bactérias ou fungos.

Muitos produtos irão decompor-se naturalmente (e são, tecnicamente, biodegradáveis), mas alguns podem demorar muitos anos a fazê-lo. Por exemplo, um saco de plástico pode demorar 10 a 20 anos a ser “biodegradado” no mar e uma garrafa de plástico mais de 400 anos, enquanto a escala passa para semanas no papel. O papel, de uma forma geral, leva três a seis meses a decompor-se, mas um jornal, por exemplo, poderá demorar apenas seis semanas.

Ou seja, o conceito “biodegradável” é, ainda hoje, demasiado vago quando se refere à compatibilidade ambiental. O tempo que um produto leva a ser naturalmente decomposto parece fazer toda a diferença quando procuramos referências para a sustentabilidade do planeta. E já agora: cuidado, porque nem tudo o que é orgânico é “inocente”… Sabia que uma casca de banana pode demorar até dois anos a decompor-se na natureza?

Compostável
A compostagem consiste na transformação de matéria orgânica em fertilizante rico em nutrientes para a terra. Restos de comida, folhagem e flores, ou peças de madeira não tratada são materiais elegíveis para compostagem.

Prática até há algum tempo reservada ao processo industrial, a compostagem conhece hoje crescente aplicação doméstica, convertendo lixo orgânico em nova vida para pequenas hortas ou culturas de vaso. 

O segredo está na decisão de cada um
Seja reciclável, biodegradável ou compostável, cada produto ou material só terá impacto na medida em que for consumido, ou dependendo de como for devolvido ao ambiente. E, aqui, entra o fator mais importante de todos: as nossas escolhas e as nossas decisões diárias.